Será que o Cohousing é para mim? – Free Aging

Será que o Cohousing é para mim?

Será que o Cohousing é para mim?

Bem, se quero tomar o futuro da minha vida em minhas mãos devo considerar esta possibilidade.

Por que? Bem, é que se eu planejar onde, de que maneira  e com quem ou quens irei querer morar e viver nos meus próximos 40 anos a chance de deixar isso para um outro alguém ter que decidir isso por mim fica bem reduzida.

Mas esta coisa de viver junto não é meio uma utopia e por cima uma invasão de minha privacidade?

Esta visão é ultrapassada e ainda por cima distorcida.

Nós viemos com uma ideia de que viver em comunidade é algo meio hippie, bagunçado, amor livre, talvez por que tenhamos em mente uma mistura de Woodstock com comunas, coletivização, socialismo, kibbutz, e por aí vai.

Vamos passar uma borracha em tudo esses conceitos aprendidos. E fazer um reset na nossa CPU.

Vamos começar com uma tela limpa, em branco, combinado?

  1. Vamos lá!

O Cohousing é um modelo de moradia e vida que combina com maestria dois ingredientes principais: Comunidade e Privacidade.

Isto quer dizer que cada um tem a sua própria casa ou o seu apartamento. Para fazer o que quiser. Liberdade absoluta. Ops, desde que não fira o coletivo. Ótimo.

E temos também o tanto de comunidade que quisermos. Bem entedido. O quanto de comunidade que quisermos. Cada grupo define os parâmetros da vida comunitária. Não existe uma regra geral. Pois os grupos, assim como as pessoas, são diferentes. Por isso é importante que nos associemos a grupos que tenham uma vida de mundo parecida com a nossa, anseios similares, e, principalmente, valores muito próximos.

Vamos agora apagar também aqueles velhos conceitos do 'tem que'. Isso mesmo, não queremos nem pensar no que éramos obrigados a fazer quando crianças, e do qual conquistamos nossa alforria. Para não acharmos que estar num cohousing é o mesmo que ir naquela excursão rodoviária onde o guia nos manda descer e subir no ônibus.

Hoje, maduros que somos, somos livres. Livres para sermos o que somos. Com o que conquistamos. De maneira que nossa independência e liberdade já estão asseguradas. Garantidas.

E assim somos livres para criarmos e recriarmos as ligações de interdependência que julgamos positivas, saudáveis e felizes.

E aí entra a interdependência livre, em que vamos descobrir o outro…  ou melhor, os outros. Ou ainda melhor, o melhor e, também, aos poucos, o pior dos outros. Faz parte. E aí, o que fazemos, como pessoas maduras, vividas, que somos? Pegamos o melhor, e desprezamos (aceitamos) o pior das pessoas (desde que isso não interfira em nossa capacidade de sermos felizes).

Muito bem. Aí temos uma soma das melhores partes das pessoas. Imaginem a força que vai tendo esse coletivo. Onde cada um coopera com o seu melhor, com o que mais gosta e para o que tem mais talento. Usando e abusando da complementaridade e da diversidade do grupo. Opa, já falei de grupo. É, estamos lentamente, passo a passo formando uma comunidade.

Deu um friozinho na espinha? Comunidade em nossa terra tupiniquim quer dizer o que? Ou o quês?

Vamos refletir. Os americanos relacionados a Cohousing usam muito o termo Community Building. Ou, construção da comunidade, com toda a força que essas palavras evocam, e que de obra não tem nada.

Ou seja, vamos também dar um refresh na imagem que comunidade nos passa.

Vamos nos abrir para o novo.

Para as possibilidades, não para as impossibilidades.

Vamos agora vislumbrar em nossas mentes uma comunidade criada a partir de uma bandeja repleta de boas energias. As ruins nós deixamos da porta para fora. Ou melhor, as jogamos no lixo.

E aqui vai a primeira resposta à pergunta do título, Será que o Cohousing é para mim? Vamos lá. Se você se achar incapaz de deixar as energias ruins do lado de fora, de jogá-las no lixo, se você não conseguir descartar os pensamentos negativos, então o Cohousing não é para você.

Vamos continuar nosso passeio por esse mundo novo. Venha comigo.

Você está vivendo com mais 40 pessoas numa comunidade de Cohousing. Numa vila comunitária. São 30 casas. Num grande terreno. Urbano, ou rural (o meu é nas montanhas, mas pertinho da cidadezinha), não importa.

Você terá reuniões. Onde planejarão o que terão de comum no Cohousing, que atividades querem se dar, quando comerão junto, se irão contratar um médico geriatra (de preferência com uma visão de medicina integrativa, uma visão sistêmica da vida e da saúde, para uma visita semanal ao Cohousing), etc.

Vocês começarão a formar subgrupos por interesses e habilidades. Eu, por exemplo, vou naturalmente me juntar a um subgrupo que planeja e organiza os passeios, excursões e viagens para nosso grupo.

Claro que haverá o grupo da horta. E o grupo da programação sociocultural.

E haverá aqueles que gostam de mexer com mecânica, marcenaria, eletrônica etc., que podem integrar o círculo (assim se fala na sociocracia) de melhorias, reparos, manutenção.

E aí alguém fica doente. É inevitável. E a pessoa tem dificuldade para cozinhar para si. Naturalmente seus amigos e vizinhos no Cohousing prepararão e levarão comida carinhosa para ela. Outros cuidarão para levá-la ao médico. E ainda outros cuidarão do seu cachorrinho ou gatinho.

O que você acha disso? Pensa que ainda bem que tem outras pessoas para fazer isso? Então acho que o Cohousing também não é para você.

E aí vamos ter nossa reunião para conversar sobre a criação da nossa plantação orgânica. Estamos na biblioteca da casa comum.

Fizemos nosso check-in na reunião, para que cada um entre numa sintonia coletiva. Como numa boa prática sociocrática.

Aí começam a surgir as propostas.

As rodadas se seguem, para definirmos os detalhes da nossa plantação de orgânicos. Produtos frescos e saudáveis para nós e a comunidade do entorno. Afinal não podemos olhar só para dentro.

Você se enxerga numa reunião assim?  Claro que haverá ideias divergentes que terão que ser polidas e alinhadas. Mas você não pára de falar sobre o teu ponto de vista. Dominando a cena. E não percebe que aqui cada um tem o mesmo espaço, independentemente do seu volume de voz, da sua liderança natural. Se você tem dificuldades para enxergar que o seu espaço é igual ao do vizinho de roda, então o Cohousing também não é para você.

Agora, se você está se enxergando fazendo parte de uma comunidade vibrante, uma vila, de vizinhos, que se respeita, se ouve, aliás, ouve mais do que fala, se você sabe e gosta de cumprimentar um vizinho com um sorriso gostoso, desses que vem da alma, com um sonoro bom dia…. Se você se vê aperfeiçoando a cada dia como um ser humano integral…. Se o aprendizado contínuo, até o final da vida, faz parte do seu script de vida para o futuro, se as palavras trocar, compartilhar, empatizar, descobrir, evoluir, respeitar de verdade, compor, entrar em acordo para os fins maiores, se tudo isso fizer muito sentido para você eu acho que o Cohousing é sim para você…. E olha, ouso dizer que pode ser a mais rica aventura da tua vida.

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